Wall Street Journal acusa Moraes: Nos últimos dias, o cenário político brasileiro foi sacudido por uma matéria publicada no jornal norte-americano The Wall Street Journal (WSJ), um dos veículos de imprensa mais influentes do mundo. O texto acusa o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de promover um “golpe de Estado” e de utilizar a Corte de forma politizada para intervir no processo democrático brasileiro. A denúncia, ainda que parta de um veículo estrangeiro, reacendeu debates internos sobre o papel do Judiciário no país e as tensões entre os Três Poderes.
O teor da reportagem

A matéria do Wall Street Journal aponta que o ministro Alexandre de Moraes teria extrapolado suas atribuições constitucionais, centralizando poder em decisões monocráticas e conduzindo investigações que, segundo o jornal, possuem viés político. O texto destaca que, sob o argumento de combater ameaças à democracia, o magistrado teria adotado medidas que, na visão do veículo, ferem princípios como liberdade de expressão e devido processo legal.
Além disso, o WSJ relembra episódios como:
- A suspensão e exclusão de perfis em redes sociais de críticos ao STF.
- Prisões preventivas prolongadas de manifestantes e figuras políticas.
- A abertura de inquéritos de ofício, sem provocação do Ministério Público.
Para o jornal, essas ações configurariam uma espécie de “justiça seletiva”, que fortalece o controle do Supremo sobre o debate público e o processo eleitoral.
Repercussão internacional
Não é comum que a imprensa estrangeira use termos tão duros para se referir a ministros da Suprema Corte brasileira. A acusação de “golpe de Estado” é particularmente grave, pois sugere que, segundo a visão do jornal, haveria um rompimento das regras democráticas não por militares ou políticos do Executivo, mas por integrantes do próprio Judiciário.
A matéria repercutiu em outros veículos internacionais e foi tema de discussões em fóruns de política externa. Analistas estrangeiros têm acompanhado a escalada de protagonismo do STF nos últimos anos, sobretudo em pautas eleitorais e na condução de investigações envolvendo figuras de destaque da política nacional.
Contexto histórico e acúmulo de poder
O protagonismo do ministro Alexandre de Moraes não surgiu de repente. Desde 2019, quando assumiu a relatoria do chamado “inquérito das fake news”, Moraes passou a ter sob sua responsabilidade uma série de processos ligados a ataques ao STF, à democracia e ao sistema eleitoral. Com o tempo, esses inquéritos se expandiram e incorporaram figuras políticas, jornalistas e influenciadores.
Juristas críticos apontam que esse modelo de investigação, iniciado e conduzido dentro do próprio STF, cria um desequilíbrio institucional, já que o tribunal atua como vítima, investigador e julgador ao mesmo tempo. A crítica do Wall Street Journal ecoa esse argumento, sugerindo que tal concentração de funções abre margem para excessos e politização.
A defesa de Moraes e apoiadores
Por outro lado, defensores do ministro argumentam que suas decisões são respostas necessárias a ameaças concretas contra a democracia, especialmente após episódios como os atos de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes. Para esses setores, a atuação firme de Moraes teria impedido o avanço de movimentos golpistas e garantido a estabilidade institucional do país.
A própria narrativa de “golpe de Estado” atribuída pelo WSJ é contestada por juristas e políticos alinhados ao STF, que afirmam se tratar de uma leitura distorcida e parcial da realidade brasileira.
Reações na política brasileira
No Congresso Nacional, a reportagem foi recebida com reações distintas. Parlamentares da oposição utilizaram o texto como reforço para suas críticas ao Supremo e para pedidos de impeachment do ministro. Já membros da base do governo classificaram a matéria como interferência externa indevida e acusaram a imprensa internacional de atender a interesses políticos contrários ao atual governo brasileiro.
O episódio também gerou novos embates nas redes sociais, com apoiadores e críticos de Moraes travando discussões acaloradas sobre o real papel do STF no equilíbrio democrático.
O STF e a imagem internacional do Brasil
A publicação do Wall Street Journal coloca o Supremo Tribunal Federal sob os holofotes internacionais, algo que pode afetar a imagem do Brasil no exterior. Países e organismos internacionais tendem a acompanhar com atenção denúncias de enfraquecimento de instituições democráticas, especialmente em nações com histórico recente de instabilidade política.
Ainda que o WSJ seja um veículo privado e sem poder oficial, sua influência no mercado financeiro e no debate político global torna o conteúdo publicado relevante para investidores e governos estrangeiros.
O risco da polarização judicial
Um ponto levantado por especialistas é que, ao entrar de forma tão intensa no jogo político, o STF corre o risco de ser percebido como ator partidário, o que compromete sua legitimidade. A judicialização da política brasileira já é alvo de críticas há anos, mas a figura de Alexandre de Moraes amplificou essa percepção.
Se, de um lado, há a defesa de que o Judiciário deve agir contra ameaças à democracia, de outro, existe o alerta de que extrapolar limites legais pode abrir um precedente perigoso. Esse dilema é central para entender o impacto da reportagem do Wall Street Journal.
O que esperar daqui para frente
É improvável que a publicação do WSJ gere consequências imediatas no funcionamento do STF ou na atuação de Moraes. No entanto, ela pode influenciar a opinião pública, fortalecer discursos contrários ao Supremo e aumentar a pressão sobre o Congresso para discutir mecanismos de contenção ao poder judicial.
Além disso, o episódio reforça a necessidade de um debate profundo sobre os limites da atuação dos ministros do STF, a separação de poderes e o respeito às garantias constitucionais.
A ACUSAÇÃO DO Wall Street Journal (WSJ),
A acusação do Wall Street Journal contra Alexandre de Moraes, ao classificá-lo como protagonista de um “golpe de Estado” e de politizar o STF, expõe para o mundo uma fratura interna já conhecida pelos brasileiros: a disputa pelo equilíbrio entre o combate a ameaças à democracia e o respeito aos limites institucionais.
Independentemente da posição de cada um no espectro político, o caso reacende a importância de discutir reformas e salvaguardas que preservem tanto a liberdade quanto a estabilidade democrática. O episódio mostra que, no Brasil, o Judiciário não é apenas um árbitro, mas também um jogador ativo no tabuleiro político — e isso, para muitos observadores, é motivo de preocupação.