O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a endurecer sua posição em relação ao futuro da causa palestina. Em discurso neste domingo (22), o líder israelense declarou de forma categórica que “nunca haverá um Estado Palestino”, mesmo diante do anúncio do Reino Unido, que oficializou o reconhecimento da Palestina como Estado soberano.
A fala ocorre em meio a um cenário de tensão crescente no Oriente Médio, onde as pressões internacionais para uma solução de dois Estados vêm ganhando força. Londres se juntou a uma lista de países europeus que decidiram apoiar o reconhecimento palestino, medida que tem como objetivo acelerar negociações diplomáticas e dar legitimidade à luta pela autodeterminação.
O tom duro de Netanyahu
Netanyahu afirmou que Israel não cederá em temas que considera “questões existenciais de segurança”. Para o premiê, a criação de um Estado Palestino significaria abrir espaço para ameaças ainda maiores contra o território israelense, especialmente em meio à influência do Hamas e de outros grupos armados que atuam na região.
“Israel não reconhecerá um Estado Palestino sob nenhuma circunstância. Quem pensa que decisões externas irão impor essa realidade está equivocado”, declarou Netanyahu.
A fala também foi interpretada como um recado direto ao governo britânico e a outros países da União Europeia que estudam seguir o mesmo caminho diplomático.
Reação internacional
A decisão do Reino Unido foi celebrada por lideranças palestinas, que consideraram o gesto como um marco simbólico importante. “É um passo histórico rumo à justiça e à paz. Reconhecer a Palestina é reconhecer o direito de nosso povo a existir”, disse um porta-voz da Autoridade Palestina.
Nos Estados Unidos, a posição britânica gerou divisões. Enquanto parlamentares democratas elogiaram a iniciativa, setores republicanos a criticaram, argumentando que esse tipo de reconhecimento “enfraquece Israel e fortalece grupos extremistas”.
Impactos na política israelense
A postura rígida de Netanyahu não é novidade, mas seu discurso vem em um momento delicado, marcado por pressões internas e externas. Israel continua enfrentando críticas sobre sua condução na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ao mesmo tempo em que setores da sociedade israelense pedem maior abertura para negociações que possam reduzir o isolamento internacional do país.
Analistas apontam que a insistência em rejeitar um Estado Palestino pode gerar ainda mais atritos diplomáticos, especialmente com aliados tradicionais no Ocidente. “Netanyahu aposta em uma linha dura, mas cada vez mais países se mostram dispostos a reconhecer a Palestina sem esperar por Israel. Isso pode colocar Tel Aviv em uma posição defensiva nas arenas internacionais”, destacou um especialista em relações internacionais ouvido pela imprensa local.
Com o reconhecimento britânico, o número de países que já apoiam oficialmente a criação do Estado Palestino passa de 140. Apesar disso, a medida ainda não tem efeito prático direto, já que a soberania plena depende de negociações multilaterais e de um acordo com Israel.