Investimentos

A curioso comportamento de David Vélez, o CEO do Nubank.

Saque FGTS Saque FGTS

Após anunciar um lucro inédito, o banco viu seu cofundador vender 25 milhões de ações no dia subsequente, o que ocasionou uma queda acentuada no valor das ações na Bolsa.

Após anunciar um lucro inédito, o banco viu seu cofundador vender 25 milhões de ações no dia subsequente, o que ocasionou uma queda acentuada no valor das ações na Bolsa.

Divulgação/Nubank

A semana teve um início promissor para o Nubank. Em 15 de agosto, terça-feira, o banco digital revelou um dos balanços mais positivos de sua trajetória. Durante o segundo trimestre de 2023, alcançou um lucro líquido de US$ 224,5 milhões (equivalente a cerca de R$ 1,1 bilhão), revertendo um prejuízo de US$ 29,9 milhões (aproximadamente R$ 150 milhões) registrado no mesmo período de 2022.

Entretanto, no dia subsequente, quarta-feira (16/8), o CEO e cofundador da fintech, David Vélez, procedeu com a venda de 25 milhões de ações da companhia. Essa transação gerou um montante de US$ 191 milhões (cerca de R$ 955 milhões, conforme a cotação atual), valor ligeiramente abaixo do lucro líquido anunciado. O mercado, contudo, não apenas não compreendeu a ação como também reagiu negativamente a ela. As ações do Nubank sofreram uma queda de 3,41% na Bolsa de Nova York (NYSE) no mesmo dia. A tendência negativa persistiu na quinta-feira (17/8), com uma redução de quase 6%, que chegou a atingir um declínio de 8,6% em certo momento.

Segundo comunicado do banco, a decisão de vender as ações foi “baseada em considerações de planejamento patrimonial e no intuito de respaldar iniciativas filantrópicas de Vélez”. Conforme esclarecido pelo Nubank, a quantidade de 25 milhões de ações corresponde a 3% das participações que o CEO possui e equivale a 0,5% do capital total da empresa.

No entanto, especialistas em ações, como Carlos André Vieira da plataforma de assessoria a investidores TC, destacam que quando um controlador (ou um alto executivo) de uma empresa realiza a venda de ações em proporções desse tipo, isso tende a transmitir uma “perspectiva desfavorável ao mercado”.

“Eu não planejava isso”,

comentou Vélez à Bloomberg sobre a venda das ações, acrescentando: “Eu não tinha a intenção de tomar essa decisão até termos esclarecido questões cruciais no Nubank, como: Será que podemos gerar lucros? Continuaremos a crescer? Os últimos três trimestres foram excepcionais. Portanto, estou retirando 3% das minhas fichas da mesa para aumentar os investimentos no outro lado da grande missão que nos motiva hoje”. No entanto, o desafio reside na compatibilidade das atividades filantrópicas com a visão de investidores que adquiriram ações do banco e testemunharam a queda temporária de seus preços.

David Vélez, juntamente com sua esposa Mariel Reyes, mantém uma fundação voltada para a educação e liderança. A revista Forbes estima a fortuna da família em aproximadamente US$ 7,6 bilhões.

ROE

Apesar da venda inesperada de ações por parte de Vélez, o analista Vieira observa que certos indicadores do balanço colocam o banco digital em patamar competitivo em relação aos grandes bancos nacionais. Um desses indicadores é o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), que registrou um avanço notável. Vieira destaca que o ROE sempre foi relativamente baixo para o Nubank.

No segundo trimestre de 2023, o índice alcançou 16,5%, em comparação com um valor negativo de 2,3% um ano antes. Esse aumento representa uma progressão de 18,8 pontos percentuais. Segundo o analista, esse resultado é um dos melhores entre os bancos privados brasileiros, superando Bradesco (11,1%) e Santander (11,2%).

O principal impulsionador desses resultados positivos do Nubank, segundo Vieira, foi o aumento da receita proveniente de juros, que decorreu do crescimento das atividades de cartão de crédito e empréstimos. As receitas aumentaram de R$ 52,9 bilhões para R$ 57,6 bilhões em um ano, representando um incremento de R$ 4,7 bilhões.

Terceiro maior banco brasileiro

Vieira acrescenta que o banco conquistou 4,6 milhões de novos clientes no segundo trimestre de 2023 e um total de 18,4 milhões ao longo do ano, alcançando 79,4 milhões de clientes no Brasil e 83,7 milhões considerando operações no México e Colômbia. O analista do TC projeta que o Nubank esteja a caminho de se firmar como o terceiro maior banco brasileiro em termos de base de clientes, ultrapassando o Itaú Unibanco (com 100 milhões). Nessa classificação, a Caixa lidera com 150,4 milhões de clientes, seguida pelo Bradesco com 104,5 milhões.

O aspecto a ser monitorado no balanço, de acordo com Vieira, é a taxa de inadimplência. Essa métrica é calculada com base no percentual de parcelas em atraso em relação à carteira de crédito. No Nubank, essa taxa subiu de 5,5% no primeiro trimestre deste ano para 5,9% no segundo trimestre.

Diego Carvalho

Diego Carvalho é um blogueiro dedicado às áreas financeira e global, conhecido por seu conteúdo claro, informativo e acessível. Com uma visão apurada do mercado, compartilha insights sobre investimentos, gestão financeira e tendências econômicas mundiais. Sua trajetória é marcada pelo compromisso de transformar assuntos complexos em informações práticas e úteis para seus leitores, ajudando tanto iniciantes quanto investidores experientes a alcançarem seus objetivos financeiros. Por meio de artigos envolventes e educativos, ele constrói uma comunidade de leitores engajada, focada em prosperidade e conhecimento.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Pular para o conteúdo