STJ anula condenação do “Crime da 113 Sul” e homem é libertado após 15 anos de prisão injusta

Crime da 113 Sul
Crime da 113 Sul’: homem solto após 15 anos conta que estava preso quando filho nasceu e só o viu uma vez: ‘Quantas coisas perdi?’ — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

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Após 15 anos atrás das grades, Francisco Mairlon, condenado por participação no “Crime da 113 Sul”, finalmente voltou para casa. A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), divulgada nesta quarta-feira (15), anulou a condenação e reconheceu que a sentença havia sido baseada em provas irregulares.

Hoje é o dia mais feliz da minha vida”, disse Mairlon, emocionado, logo após deixar a prisão e abraçar a advogada responsável por sua liberdade.

15 anos de espera e uma oração na volta para casa

Preso desde 2010, Mairlon passou quase 15 anos sonhando com o dia em que poderia respirar o ar da liberdade novamente. Na madrugada desta quarta-feira (15), antes mesmo do amanhecer, ele fez uma oração — a igreja estava fechada, mas a gratidão falava mais alto.

Foram 178 meses, 770 semanas e mais de 5.400 dias de espera, segundo o próprio Francisco. Aos 22 anos, ele foi preso quando a companheira estava grávida de oito meses. Durante todos esses anos, só viu o filho uma única vez.

Quantas coisas eu não perdi… o crescimento do meu filho, reuniões de família, primos, padrinhos. Hoje percebo que o que mais importa é o aconchego familiar”, desabafa Mairlon.

O caso que chocou Brasília: o triplo homicídio da 113 Sul

O caso ficou conhecido como o “Crime da 113 Sul”, um dos mais emblemáticos da capital federal. Em 2010, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, sua esposa Maria Villela e a empregada Francisca da Silva foram brutalmente assassinados a facadas no apartamento do casal.

A filha do casal, Adriana Villela, chegou a ser condenada como mandante do crime, mas, em setembro de 2025, o STJ também anulou sua condenação.

Francisco Mairlon, apontado como um dos executores, havia sido condenado a 47 anos de prisão. No entanto, sua defesa alegou diversas irregularidades no processo.

Defesa aponta tortura e falta de provas

A defesa, com apoio da ONG Innocence Project Brasil, argumentou que Mairlon foi condenado apenas com base em depoimentos colhidos na delegacia, sem confirmação em juízo. Segundo os advogados, ele sofreu tortura e pressão policial durante as investigações, e um dos executores mudou sua versão ao longo do processo, inocentando Francisco.

Na última terça-feira (14), o Superior Tribunal de Justiça julgou o recurso especial apresentado pela ONG e, por unanimidade, decidiu anular a condenação.

Ministério Público vai recorrer da decisão

Apesar da decisão favorável a Mairlon, o Ministério Público (MP) informou que pretende recorrer. Em nota, o órgão afirmou que “adotará as medidas jurídicas cabíveis para restabelecer a soberania da decisão do Tribunal do Júri”.

“Existem muitos outros Franciscos”, diz advogada

Para a advogada Luiza Ferreira, do Innocence Project, o caso de Francisco Mairlon representa apenas a ponta do iceberg das injustiças no sistema penal brasileiro.

Há muitos outros Franciscos Mairlons esperando por justiça. Recebemos mais de mil casos por ano para análise. Não falta vontade nem energia para continuar lutando”, afirmou.

‘Crime da 113 Sul’: homem solto após 15 anos conta que estava preso quando filho nasceu e só o viu uma vez: ‘Quantas coisas perdi?’ — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Um novo começo

Agora em liberdade, Francisco quer reconstruir a vida e recuperar o tempo perdido.

Eu precisava mostrar força para minha família, mesmo preso. Hoje quero apenas viver e aproveitar cada momento com eles”, disse.

Depois de 15 anos de reclusão, o homem que um dia foi condenado injustamente deseja apenas recomeçar com dignidade e paz.

Fonte: Jornal Nacional

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