China promete retaliar se Washington avançar com medida que pode redefinir o comércio mundial
A tensão entre Estados Unidos e China voltou a dominar o cenário econômico internacional. O ex-presidente americano Donald Trump anunciou que pretende aplicar tarifas adicionais de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro de 2025, em resposta às restrições impostas por Pequim à exportação de terras raras, minerais essenciais para a indústria tecnológica.
A medida reacende o temor de uma nova guerra comercial global, semelhante à vivida durante o primeiro mandato de Trump, entre 2018 e 2020, quando as duas maiores economias do planeta travaram uma série de retaliações que afetaram cadeias de suprimento e aumentaram os preços em todo o mundo.
O que está em jogo
Segundo Trump, a decisão visa proteger a indústria americana e reduzir a dependência dos produtos chineses. No entanto, analistas alertam que o impacto pode ser profundo e atingir setores estratégicos como o tecnológico, automotivo e de eletrônicos, fortemente dependentes da manufatura asiática.
“Não é apenas uma questão comercial, mas geopolítica. Os EUA tentam conter o avanço tecnológico chinês, enquanto Pequim busca consolidar sua liderança em setores de ponta”, avalia o economista James Thornton, da consultoria GlobalTrade Analytics.
A China reagiu imediatamente, afirmando que não deseja uma guerra tarifária, mas que “não tem medo de enfrentá-la”. O Ministério do Comércio chinês prometeu responder de forma proporcional, caso as tarifas sejam realmente implementadas.
Principais riscos e possíveis consequências
1. Aumento de custos e inflação
Empresas que importam da China podem enfrentar custos dobrados, o que pode gerar pressão inflacionária nos EUA e em outros mercados. O consumidor final deve sentir o impacto direto em produtos eletrônicos, vestuário e bens de consumo.
2. Desorganização nas cadeias de suprimentos
A dependência global das fábricas chinesas faz com que qualquer barreira tarifária provoque atrasos e escassez de componentes essenciais. Montadoras e fabricantes de semicondutores seriam os primeiros atingidos.
3. Retaliação e incerteza global
Pequim já sinalizou que pode limitar exportações estratégicas, como baterias, chips e minerais. O temor é que o conflito comercial se amplie para outros setores, afetando mercados emergentes e commodities.
Impactos para o Brasil
O Brasil pode ganhar espaço como fornecedor alternativo de produtos agrícolas e minerais, caso o comércio EUA–China se deteriore. Por outro lado, uma desaceleração global reduziria a demanda por commodities, como soja e minério de ferro, principais motores da balança comercial brasileira.
Empresas nacionais que dependem de insumos chineses — especialmente no setor eletrônico e têxtil — também podem sofrer com a alta de preços e escassez de produtos.
Em uma negociação de bastidores para evitar a escalada. Ainda assim, a ameaça de tarifas de 100% mantém os mercados em alerta e sinaliza um novo capítulo na disputa pelo poder econômico global.