EUA classificam conferência da ONU
Diplomacia americana critica iniciativa liderada por países árabes e diz que proposta não contribui para paz real no Oriente Médio
A recente conferência promovida pelas Nações Unidas, que teve como foco reviver o debate sobre a criação de um Estado Palestino ao lado de Israel, foi duramente criticada pelos Estados Unidos. Em uma declaração contundente, a delegação norte-americana classificou o evento como um “golpe publicitário vazio”, questionando a efetividade e a imparcialidade da iniciativa.
A reunião foi realizada em Nova York, sob o título “Conferência Internacional sobre a Solução de Dois Estados”, com o apoio de dezenas de países, principalmente membros da Liga Árabe e aliados europeus. O objetivo central era reunir líderes diplomáticos e especialistas para discutir caminhos concretos que levem à criação de um Estado palestino soberano, ao lado de Israel, como parte de uma solução pacífica e duradoura no Oriente Médio.
A conferência foi convocada em meio à escalada da violência na Faixa de Gaza e ao agravamento da crise humanitária na região. Representantes palestinos e de países como Jordânia, Egito, França, Espanha, Noruega e África do Sul estiveram presentes. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, reiterou o apoio da organização à solução de dois Estados como “único caminho viável para garantir segurança e dignidade tanto para israelenses quanto para palestinos”.
Apesar disso, os Estados Unidos optaram por não enviar representantes de alto escalão e fizeram duras críticas à iniciativa.
A conferência foi convocada em meio à escalada da violência na Faixa de Gaza e ao agravamento da crise humanitária na região. Representantes palestinos e de países como Jordânia, Egito, França, Espanha, Noruega e África do Sul estiveram presentes. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, reiterou o apoio da organização à solução de dois Estados como “único caminho viável para garantir segurança e dignidade tanto para israelenses quanto para palestinos”.
Apesar disso, os Estados Unidos optaram por não enviar representantes de alto escalão e fizeram duras críticas à iniciativa.
A conferência foi convocada em meio à escalada da violência na Faixa de Gaza e ao agravamento da crise humanitária na região. Representantes palestinos e de países como Jordânia, Egito, França, Espanha, Noruega e África do Sul estiveram presentes. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, reiterou o apoio da organização à solução de dois Estados como “único caminho viável para garantir segurança e dignidade tanto para israelenses quanto para palestinos”.
Posição dos Estados Unidos: crítica frontal
O embaixador dos EUA adjunto à ONU, Robert Wood, declarou que a conferência serve apenas para criar “ilusões diplomáticas” e não traz nenhum avanço real nas negociações de paz. Ele afirmou que o governo americano “apoia a solução de dois Estados”, mas entende que esse objetivo deve ser alcançado por meio de negociações diretas entre israelenses e palestinos, e não através de fóruns multilaterais “sem representatividade prática”.
“Reuniões como esta não trazem os dois lados à mesa, apenas alimentam a retórica e aprofundam divisões”, afirmou Wood em coletiva de imprensa.
Legalidade internacional e impasses políticos
A proposta de dois Estados tem amparo no direito internacional. Desde a Resolução 181 da ONU (1947), que recomendava a partilha da Palestina em dois Estados, a ideia vem sendo discutida em diversos acordos e resoluções, como os Acordos de Oslo (1993) e a Iniciativa Árabe de Paz (2002).
No entanto, o cenário atual é profundamente complexo. Israel, sob o governo de coalizão liderado por Benjamin Netanyahu, não tem mostrado disposição concreta para retomar negociações. Por outro lado, o Hamas, considerado grupo terrorista por EUA e União Europeia, segue exercendo controle sobre Gaza e rejeitando a existência do Estado de Israel.
Os Estados Unidos têm reforçado que apoiam a criação de um Estado Palestino, mas apenas se garantida a segurança de Israel e se houver reconhecimento mútuo entre as partes envolvidas.
Reações globais divididas
Diversos países expressaram surpresa com a postura dos EUA. A França e a Noruega, por exemplo, elogiaram a iniciativa da ONU, alegando que é necessário “manter o diálogo internacional vivo”, mesmo diante da falta de avanços concretos.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, declarou que ignorar a questão palestina é alimentar mais instabilidade no Oriente Médio. “O mundo não pode esperar que o conflito desapareça por inércia. A solução de dois Estados precisa ser perseguida com coragem política.”
Já Israel, que não participou da conferência, divulgou nota dizendo que “não reconhecerá iniciativas unilaterais” e que “a segurança nacional não será negociada em ambientes externos ao diálogo direto”.
Consequências diplomáticas e riscos à credibilidade da ONU
A crítica aberta dos Estados Unidos, principal financiador da ONU, levanta preocupações sobre o futuro das iniciativas multilaterais em conflitos prolongados como o palestino-israelense.
Diplomatas alertam que a declaração americana pode enfraquecer a autoridade moral da ONU e desestimular futuras mediações. Ao mesmo tempo, questiona-se a eficácia de encontros diplomáticos que não envolvem representantes oficiais das partes diretamente interessadas.
Caminhos possíveis: diálogo direto ou pressão internacional?
O impasse se aprofunda. De um lado, a ONU e boa parte da comunidade internacional buscam fóruns multilaterais para construir um consenso. De outro, EUA e Israel defendem a via bilateral, ainda que atualmente não haja canais ativos de negociação.
Especialistas em relações internacionais apontam que uma terceira via seria combinar os dois esforços, garantindo espaço tanto para discussões globais quanto para acordos diretos entre os protagonistas.
A analista política Leila Abdo, do Instituto de Estudos do Oriente Médio, comentou:
“A solução de dois Estados não pode ser apenas uma bandeira retórica. Ela exige compromissos práticos, apoio internacional coerente e vontade política real, que infelizmente ainda estão em falta.”