EUA deixam fora da tarifa produtos agrícolas essenciais do Brasil

Compartilhe

Saque FGTS
Saque em até 5 minutos o seu FGTS

Café, soja e carne in natura escapam de sobretaxa, amenizando efeitos para agroexportadores brasileiros

Em meio a um clima tenso no comércio bilateral, os Estados Unidos oficializaram recentemente tarifas de 50% sobre diversos produtos industrializados brasileiros, mas optaram por preservar alimentos considerados estratégicos para o consumo e a indústria alimentícia norte-americana. A decisão trouxe certo alívio para o agronegócio brasileiro, que tem nesses produtos pilares de suas exportações.

A medida foi anunciada pelo Departamento de Comércio dos EUA como parte de sanções comerciais que visam países que, segundo o governo norte-americano, “não compartilham dos mesmos valores em matéria de política externa”. Porém, commodities agrícolas fundamentais como café verde, soja em grão, carne bovina in natura, milho, arroz e suco de laranja concentrado ficaram fora da lista de produtos tarifados, conforme detalhou o comunicado oficial.

 Quais alimentos brasileiros não foram atingidos pela tarifa de 50%?

A lista divulgada inclui os seguintes produtos, que permanecerão com acesso ao mercado americano sem a nova tarifa punitiva:

Café verde (grão cru) – insumo vital para torrefações e cafeterias dos EUA;
Carne bovina in natura – item essencial para grandes redes de fast-food e distribuidores de proteína animal;
Soja em grão – indispensável na fabricação de ração animal e óleo de cozinha;
Milho – usado em alimentos industrializados e na produção de etanol;
Arroz – grão cada vez mais consumido em lares americanos, especialmente em comunidades latinas;
Suco de laranja concentrado – bebida típica do café da manhã dos americanos, com consumo elevado em estados como a Flórida.

 Por que esses produtos foram poupados?

De acordo com analistas em comércio internacional, a manutenção desses alimentos fora da sobretaxa se deve a uma combinação de fatores:

🔹 Alta dependência do mercado americano – Muitas indústrias de alimentos dos EUA compram insumos diretamente do Brasil e não possuem fornecedores alternativos com capacidade para atender a demanda.
🔹 Pressão do setor privado – Fabricantes e redes de supermercados argumentaram junto ao governo americano que a elevação de preços desses produtos causaria inflação e insatisfação popular.
🔹 Preocupação com cadeias de abastecimento – Interromper o fluxo de itens básicos poderia desestabilizar a economia interna dos EUA, especialmente diante do cenário de alta de alimentos registrado nos últimos anos.

 Como fica o impacto para o Brasil?

A decisão de não incluir esses alimentos básicos na tarifa representa uma vitória parcial para o agronegócio brasileiro. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esses itens correspondem a mais de US$ 30 bilhões em exportações anuais, valor que poderia ser gravemente afetado caso a tarifa fosse imposta.

Contudo, a sobretaxa de 50% sobre produtos industrializados como cortes processados de carne, queijos, chocolates, óleos refinados e bebidas prontas ainda preocupa empresas brasileiras do setor alimentício. Esses produtos terão mais dificuldade de competir nos EUA, podendo gerar prejuízos ou migração de negócios para outros mercados.

 Reação do governo brasileiro

Em resposta à medida, o Itamaraty afirmou que a decisão dos EUA fere os princípios do comércio multilateral e anunciou que o Brasil vai recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas sobre produtos industrializados. Entretanto, o governo brasileiro destacou que continuará dialogando com Washington para evitar prejuízos maiores às exportações nacionais.

Para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a exclusão de produtos básicos da tarifa mostra que “há espaço para diálogo, mas o Brasil precisa seguir buscando diversificação de mercados e fortalecimento de acordos bilaterais”.

 O que dizem especialistas?

Consultores em comércio exterior apontam que a lista de produtos preservados demonstra a dependência mútua entre Brasil e EUA, especialmente no agronegócio. Segundo a economista Letícia Moura, “os EUA quiseram sinalizar força com a tarifa, mas não podem arriscar desabastecimento de alimentos essenciais”.

Já o analista Leonardo Silva avalia que o Brasil precisa aproveitar a oportunidade para ampliar parcerias comerciais fora dos EUA, especialmente com mercados na Ásia, Oriente Médio e África, evitando dependência excessiva de um único comprador.

 E os riscos daqui para frente?

Embora os produtos essenciais tenham escapado da tarifa neste momento, especialistas alertam que as tensões comerciais podem escalar em caso de novos atritos diplomáticos. Em 2025, com eleições nos EUA e incertezas sobre a política externa americana, há chance de mudanças na postura de Washington em relação aos acordos comerciais com países que mantêm posição neutra no conflito entre Rússia e Ucrânia.

Mesmo com a decisão dos EUA de taxar diversos produtos brasileiros em 50%, a exclusão de alimentos como café verde, soja, carne bovina, milho, arroz e suco de laranja concentrado reduz os danos imediatos para o agronegócio nacional. Ainda assim, o Brasil deve permanecer atento e buscar ampliar seus mercados, garantindo maior segurança para seus exportadores e protegendo a geração de empregos no campo e na indústria.

Sigam nas Redes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

20 − dezoito =

Categorias

Mais Destaques

Posts relacionados

plugins premium WordPress