Brasília, 14 de agosto de 2025 – As relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos ganharam um novo ponto de tensão nesta semana. O governo de Donald Trump anunciou restrições de visto contra ex-gestores brasileiros envolvidos no programa Mais Médicos, alegando que a iniciativa teria utilizado médicos cubanos em condições de trabalho exploratórias.
O Departamento de Estado americano incluiu na lista de sanções nomes como Mozart Julio Tabosa Sales, atual secretário de Atenção Especializada à Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor internacional do Ministério da Saúde. A medida também atingiu integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), parceira do Brasil na execução do projeto.
Programa alvo de críticas e elogios
Criado em 2013, o Mais Médicos foi pensado para levar atendimento de saúde a municípios carentes, muitos deles sem presença fixa de profissionais. Ao longo de sua primeira fase, contou com a presença de milhares de médicos cubanos, enviados por meio de acordos com o governo de Havana.
Nos EUA, setores políticos conservadores e anticastristas sempre criticaram o programa, alegando que parte do salário dos médicos ficava retida pelo regime cubano. Agora, o governo Trump retoma essa narrativa para justificar as sanções.
Reações no Brasil
A decisão americana dividiu opiniões. Enquanto o senador Eduardo Bolsonaro elogiou a medida como “acertada”, a ministra Gleisi Hoffmann classificou a atitude como “provocação” e destacou que o programa foi responsável por ampliar o acesso à saúde em comunidades historicamente desassistidas.
Contexto geopolítico
O episódio ocorre no mesmo momento em que os Estados Unidos aplicam tarifas elevadas sobre exportações brasileiras, em um movimento que muitos analistas interpretam como pressão política e econômica. Para especialistas, a ofensiva contra o Mais Médicos é mais um capítulo de um desgaste crescente entre os dois países.
O que está em jogo
A sanção vai além do impacto sobre os nomes listados. Ela simboliza como programas de saúde pública podem ser usados como ferramenta diplomática e até como arma política em disputas internacionais. O Brasil, por sua vez, busca equilibrar a defesa de suas políticas internas com a necessidade de manter relações estratégicas no comércio e na cooperação internacional.