Durante sua participação no Fórum de Economia Azul e Finanças, realizado em Mônaco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu que instituições financeiras internacionais ampliem os mecanismos de apoio à preservação dos oceanos. A fala ocorreu em meio à sua viagem oficial pela Europa, iniciada na última quarta-feira (4), com agendas diplomáticas e reuniões com empresários.
Defesa dos oceanos como prioridade global
Lula afirmou que a proteção dos oceanos deve ser tratada como uma pauta central no cenário internacional, destacando que o tema já figura entre as prioridades da presidência brasileira do G20. Ele cobrou mudanças estruturais nos bancos multilaterais, defendendo que essas instituições precisam ser mais eficazes, acessíveis e comprometidas com o desenvolvimento sustentável.
Troca de dívidas por preservação ambiental
O presidente brasileiro sugeriu o uso de mecanismos financeiros inovadores para financiar a proteção ambiental. Entre eles, destacou a proposta de trocar dívidas por ações de desenvolvimento sustentável, permitindo que países em desenvolvimento tenham parte de suas dívidas externas perdoadas em troca de investimentos diretos em iniciativas de conservação marinha.
Além disso, citou os Direitos Especiais de Saque (DES), recursos emitidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), como uma forma de garantir acesso a financiamento climático.
Acesso aos fundos climáticos precisa ser facilitado
Lula também alertou para a necessidade urgente de simplificar os processos burocráticos que dificultam o acesso aos fundos voltados ao enfrentamento das mudanças climáticas. Segundo ele, os entraves administrativos impedem que muitos países consigam implementar medidas eficazes de proteção ambiental.
A importância econômica dos oceanos
O presidente destacou ainda o papel estratégico dos oceanos na economia global. Ele lembrou que, se os oceanos fossem um país, ocupariam a quinta posição entre as maiores economias do mundo, movimentando cerca de 2,6 trilhões de dólares por ano. Mesmo com tamanha relevância, Lula afirmou que os oceanos continuam sendo negligenciados no debate global.
Combate à poluição e promoção da biodiversidade
Em seu discurso, Lula chamou atenção para a falta de acordos internacionais efetivos para enfrentar problemas como a poluição plástica nos mares e a preservação da biodiversidade em águas internacionais. Também mencionou o compromisso da Organização Marítima Internacional de zerar as emissões de carbono no setor de navegação até 2050, ressaltando a urgência na adoção de fontes de energia limpa.
Brics e economia azul sustentável
Lula anunciou que a próxima cúpula dos Brics, que será realizada no Rio de Janeiro, incluirá discussões sobre desenvolvimento sustentável. O Novo Banco de Desenvolvimento do bloco, segundo ele, tem ampliado sua atuação no financiamento de projetos voltados à economia verde e azul.
Ele também mencionou o programa Bolsa Verde, criado para oferecer apoio financeiro a famílias em situação de vulnerabilidade que contribuem com a conservação dos ecossistemas marinhos.
Disparidade entre países ricos e em desenvolvimento
Lula criticou a redução da ajuda internacional ao desenvolvimento por parte de países ricos, enquanto os gastos militares globais aumentam. Para ele, essa falta de compromisso político impede avanços reais na proteção ambiental. Ele destacou que as nações em desenvolvimento são as mais dependentes da chamada economia azul, e também as mais afetadas pelas mudanças climáticas, como a elevação do nível do mar e desastres naturais em áreas costeiras.
“Ou agimos, ou o planeta estará em risco”
Encerrando sua fala, Lula reforçou o apelo por ações urgentes: “Ou tomamos uma atitude agora, ou o planeta vai pagar um preço alto”. Para ele, fortalecer a economia azul de forma sustentável e inclusiva é essencial para garantir o futuro das próximas gerações, especialmente nos países que mais dependem dos recursos marinhos.
