Em uma virada histórica, Rodrigo Paz Pereira, economista e senador de 58 anos, foi eleito presidente da Bolívia no segundo turno das eleições , com 54,5% dos votos válidos. Derrotando o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga (45,5%), Paz põe fim a duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Evo Morales e Luis Arce. A vitória ocorre em meio a uma grave crise econômica, com inflação galopante, escassez de combustíveis e queda nas exportações de gás, marcando um novo capítulo para o país.
Filiação e Trajetória
Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), Rodrigo nasceu no exílio durante a ditadura de Hugo Banzer. Formado em economia, atuou como servidor público e consultor, focando em políticas fiscais e desenvolvimento regional. Desde 2015, é senador por Tarija, representando o Partido Democrata Cristão (PDC), de centro-direita. No Senado, destacou-se por defender reformas graduais, equilíbrio fiscal e atração de investimentos privados, mantendo programas sociais.
Ascensão Surpreendente
No primeiro turno, em 17 de agosto, Paz surpreendeu ao conquistar 39% dos votos, ficando atrás de Quiroga (47%). Sua campanha, ancorada na promessa de um “capitalismo para todos”, ganhou força entre eleitores cansados da crise econômica e da polarização política. No segundo turno, capturou votos de setores populares e de opositores ao MAS, mesmo com Evo Morales, impedido de concorrer e com mandado de prisão, defendendo o voto nulo.
Promessas de Campanha
Economia
Paz propõe uma reestruturação econômica com descentralização do Estado, redução de gastos supérfluos, incentivos à formalização da economia informal e impostos mais baixos. Ele rejeita cortes drásticos, como os de Javier Milei na Argentina, prometendo manter programas sociais para os mais pobres. A crise atual, com inflação de 23% e escassez de combustíveis, será o maior desafio de seu governo.
Política
O presidente eleito aposta na reconciliação nacional e na restauração da democracia, abalada desde o golpe contra Morales em 2019. Seu plano inclui fortalecer instituições e buscar consenso entre forças políticas, superando anos de divisões.
Relações Exteriores
No campo internacional, Paz busca um realinhamento com os EUA e organismos como o FMI para atrair investimentos e créditos. Isso marca uma ruptura com as alianças de esquerda do MAS, como Cuba e Venezuela, sinalizando uma nova postura global para a Bolívia.
Com Edman Lara como vice-presidente, Paz assumirá o cargo em 8 de novembro de 2025. O atual presidente, Luis Arce, comprometeu-se com uma transição pacífica. A vitória foi celebrada por líderes regionais, como Javier Milei, que a classificou como o fim do “socialismo do século 21”. Contudo, Paz enfrentará o desafio de unificar um país dividido e recuperar a economia em colapso, equilibrando reformas ambiciosas com a manutenção de conquistas sociais. Sua gestão será um teste para o futuro político e econômico da Bolívia.