SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passou a subir com força nesta sexta-feira, em linha com movimento internacional, depois que um importante relatório de emprego dos Estados Unidos superou todas as expectativas e minou apostas de corte antecipado dos juros pelo Federal Reserve.
Às 11:01 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,81%, a 4,9550 reais na venda. Na B3, às 11:01 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,74%, a 4,9660 reais.
No exterior, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,66%, a 103,730.
A criação de vagas de emprego nos Estados Unidos acelerou em janeiro, provavelmente porque a resiliência da economia e a forte produtividade dos trabalhadores incentivaram as empresas a contratar e manter mais funcionários, uma tendência que pode proteger a economia de uma recessão este ano, mas influenciar o Federal Reserve, banco central dos EUA, a adiar cortes de juros.
A economia norte-americana abriu 353 mil vagas de trabalho no mês passado, informou o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira, superando todas as expectativas: a mediana dos economistas consultados pela Reuters previa abertura de 180 mil postos de trabalho em janeiro, com as projeções variando de 120 mil a 290 mil.
“Acima do esperado, muito forte mesmo; naturalmente isso está apoiando a alta do dólar”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
“Isso aí vai adiar o corte dos juros por lá. O mercado estava precificando em 40% a chance de corte já em março após o Fed na quarta, e sem dúvida estes dados de hoje jogam água fria em qualquer expectativa desse corte.”
Probabilidades implícitas em contratos de juros futuros dos EUA mostravam apenas 20% de chance de um corte de taxa pelo Fed em março — cenário que, no final do ano passado, era visto como praticamente garantido.
Na quarta-feira desta semana, o banco central norte-americano deixou a taxa básica de juros inalterada, mas deu um passo importante para reduzi-la nos meses à frente ao retirar uma referência de longa data a possíveis novos aumentos nos custos de empréstimos.
Por outro lado, o chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, disse que o Fed precisará ver mais dados favoráveis para ter certeza de que é hora de reduzir a taxa básica de juros, o que minou as apostas num início em março para o afrouxamento monetário. Agora, maio é visto como mais provável.
Quanto mais tarde o Fed começar a reduzir os juros, mais o dólar tende a se beneficiar, já que investimentos de renda fixa denominados na moeda ficam mais atraentes em termos de rentabilidade. Ao mesmo tempo, sinais de resiliência da economia — como o robusto relatório de empregos desta sexta — são argumentos a favor da visão de que o banco central dos EUA não encerrou sua luta contra a inflação e precisa esperar antes de afrouxar a política monetária.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9150 reais na venda, em baixa de 0,47%.
Edição e Publicação; Celso Teixeira
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