Enquanto facções criminosas dominam comunidades do Rio de Janeiro com o tráfico de drogas e enfrentam milícias em disputas sangrentas por território, os grupos paramilitares, formados principalmente por ex-policiais, impõem rígidas regras em suas áreas de controle.
A venda de cigarros falsificados emergiu como uma das principais fontes de renda para essas milícias. Moradores que optam por marcas diferentes das comercializadas pelos grupos armados enfrentam ameaças de morte como punição.
No processo de expansão pelo controle de comunidades antes dominadas pelo Comando Vermelho (CV), as milícias passaram a explorar ilegalmente outras atividades, como a venda de gás de cozinha e o transporte alternativo.
Esse modelo de atuação fez os grupos paramilitares crescerem e se tornarem organizações criminosas bem estruturadas, com operações próprias e um objetivo claro: maximizar lucros por meio de serviços controlados, reforçados por ameaças e práticas de extorsão.
As milícias no Rio de Janeiro consolidaram uma fatia significativa no mercado ilegal de cigarros, onde 32% das vendas são clandestinas, segundo órgãos de controle. Esses grupos produzem falsificações de marcas paraguaias, comercializando produtos de baixa qualidade e alto índice de impurezas. Comerciantes locais são coagidos a vender exclusivamente a “marca do crime”.
O mercado de cigarros ilegais movimentou 34 bilhões de unidades em 2023, gerando R$ 9 bilhões. Três das dez marcas mais vendidas no Brasil são ilegais, com investigações apontando a participação ativa de milícias e facções na produção e distribuição.
As milícias, lideradas por Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, controlam ao menos 45 municípios no estado do Rio. Investigações da Polícia Civil, Federal e do Ministério Público revelam que esses grupos utilizam extorsão, lavagem de dinheiro, contrabando e violência extrema para manter o monopólio, proibindo a venda de qualquer outra marca de cigarro nas comunidades.
Operações recentes, como Smoke Free (2022) e Fumus (2021), resultaram em quase 70 mandados de prisão contra integrantes da organização, incluindo Adilsinho e seu irmão Cláudio Coutinho de Oliveira.
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