Rendimentos de 1% ao mês, ativos de Renda Fixa ganharam notoriedade após a decisão do Copom ao elevar os juros básicos, a Selic, para 12,25% ao ano na última quarta-feira (11). Para Investir, exige um pouco de conhecimento estratégico e capacidade de tomar decisões. Tem que se tomar cuidado ao escolher o papel de investimento.
Especialistas em renda fixa alertam que até mesmo os títulos públicos apresentam riscos que podem não ser adequados para todos os perfis de investidores. O cenário atual exige cautela na seleção tanto de títulos públicos quanto, principalmente, de títulos privados.
Tesouro Direto – Renda Fixa
Os títulos da renda fixa pública, o que mais chamam atenção são os pós-fixados. O Tesouro Selic passa a render mais desde a última quinta-feira, bem próximo do sonhado 1% mensal – algo que é recomendado pela XP “principalmente para reserva de emergência ou liquidez, já que rende a uma taxa significativa”, segundo Camilla Dolle, head de renda fixa da XP.
Para ela, é importante ressaltar que este é um investimento conservador e existem outras opções igualmente atrativas. A principal recomendação da XP é o Tesouro IPCA+, que oferece um retorno real superior a 7%, sendo ideal para manter até o vencimento e garantindo proteção contra a inflação, destaca a especialista do banco.
São recomendados para quem aposta na queda dos juros no médio prazo e quer lucrar com a saída antecipada desses papéis, segundo Sharon Halpern, sócia da Blackbird Investimentos.
Caso algum investidor pretende evitar investir em uma taxa em 5% dos dias úteis nos últimos 14 anos por receio de uma nova abertura do juro real, Dolle recomenda “evitar a tentativa de encontrar o ponto ótimo de entrada no papel, que nem os mais experientes têm certeza de quando é” salienta que o investimento em um papel é uma análise de cada um.
Nesse sentido, Halpern pondera que “quem tem muita inflação na carteira provavelmente ficará abaixo do CDI no ano que vem”, o que justificaria, nesse caso, aumentar a participação de pós-fixados.
Os títulos prefixados ainda são encarados com cautela, mesmo oferecendo taxas que ultrapassam facilmente 1% ao mês. “Eles tendem a apresentar maior volatilidade, especialmente em um cenário de incerteza fiscal e com a expectativa da posse de Trump nos Estados Unidos, que deve trazer mais clareza sobre seu plano de governo”, ressalta a head de renda fixa da XP. Para reduzir os riscos associados ao Tesouro Prefixado, as especialistas recomendam optar por vencimentos mais curtos.
Crédito privado
Para quem busca ir além do 1% ao mês oferecido pelo Tesouro Selic, os pós-fixados, como debêntures, CRIs e CRAs, surgem como alternativas interessantes. No entanto, é fundamental escolher cuidadosamente os papéis, já que os prêmios do crédito privado estão em patamares baixos, uma tendência que deve se manter em 2025.
Além disso, no início deste ano, as projeções indicavam queda nos juros básicos, o que incentivou empresas a captar recursos no mercado de capitais. Porém, 2025 começa com a Selic em 12,25% e em trajetória de alta, o que eleva automaticamente o custo das dívidas. “Havia uma expectativa de alívio que não se concretizou”, afirma Jefferson Honório, sócio da Brio Investimentos, que prevê um cenário desafiador para as empresas diante desse ciclo de alta dos juros.
Essa combinação de spreads reduzidos e dívidas mais caras reforça a necessidade de uma seleção criteriosa no crédito privado. Apesar dos desafios, a missão não é impossível, segundo Sophia Annicchino, gerente institucional da Bloxs. Ela acredita que este é o momento de “ser arrojado com cautela” e recomenda investir em papéis de empresas de médio porte, especialmente em setores defensivos, como energia e saneamento.
“Um bom projeto nem sempre vem de uma grande empresa consolidada; ele pode surgir de companhias de médio porte com operações sólidas”, destaca Annicchino. A gerente ressalta a importância de manter o “apego aos fundamentos”, ou seja, analisar detalhadamente os números apresentados para avaliar se a empresa possui capacidade de honrar suas dívidas.
Por outro lado, a exposição a empresas sem o selo AAA das agências de classificação de risco deve ser feita com cautela. “Não recomendamos buscar maior remuneração sem uma análise cuidadosa dos riscos envolvidos”, alerta Dolle.