Durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o então ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), figura proeminente, foi mencionado em uma delação premiada relacionada a investigações sobre possíveis irregularidades na aquisição de respiradores na Bahia durante a pandemia de Covid-19.
Conforme relatórios divulgados pelo portal UOL na quarta-feira (3), a investigação da Polícia Federal (PF) descobriu indícios que associam Costa, que na época era governador da Bahia, a possíveis fraudes de até R$ 48 milhões na compra dos respiradores.
A empresária Cristiana Prestes Taddeo, da Hempcare, responsável pelo negócio, mencionou o atual ministro da Casa Civil em sua delação. Ela restituiu R$ 10 milhões aos cofres públicos e forneceu à PF extratos bancários de transferências aos intermediários da transação. Segundo o UOL, os respiradores nunca foram entregues e os valores adiantados não foram completamente recuperados.
Costa nega categoricamente qualquer envolvimento em irregularidades, argumentando que, enquanto governador, ordenou uma investigação sobre o incidente. O chefe da Casa Civil do governo Lula declara que nunca discutiu “com nenhum representante ou intermediário sobre a questão das compras destes ou de qualquer outro equipamento de saúde”.
Conforme mencionado na reportagem, o inquérito está em estágio avançado na PF e está sendo processado na Justiça Federal da Bahia. O contrato, firmado em abril de 2020 no início da pandemia, previa a compra de 300 respiradores importados da China destinados ao Consórcio Nordeste, na época presidido por Costa.
O que diz a empresária na delação
Em 2022, Cristiana Prestes Taddeo fechou um acordo de delação premiada com a vice-procuradora-geral da República na época, Lindôra Araújo. Esse acordo foi homologado ainda no mesmo ano pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Taddeo admitiu ter recebido R$ 48 milhões do governo da Bahia, porém não cumpriu a entrega dos respiradores. Ela afirmou que o contrato foi redigido de maneira desfavorável ao governo estadual.
Além disso, Taddeo declarou que sua empresa não possuía todos os documentos necessários para realizar a operação e que obteve informações privilegiadas antes de apresentar sua proposta ao governo baiano.
Na delação, Taddeo mencionou que a contratação da Hempcare contou com a intermediação de um empresário baiano que se apresentava como amigo de Rui Costa, então governador, e da primeira-dama do estado, Aline Peixoto. Esse indivíduo teria cobrado R$ 11 milhões em “comissões” pelo negócio.
Em abril de 2022, a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão para intensificar as investigações, tendo como um dos alvos o ex-secretário da Casa Civil do governo da Bahia, Bruno Dauster, que esteve envolvido nas negociações com a empresa. Em depoimento à PF, Dauster afirmou que as tratativas tiveram o aval de Rui Costa.
Rui Costa ocupou o cargo de governador da Bahia por dois mandatos consecutivos, entre 2015 e 2022.
Ministro nega qualquer ilegalidade
Em nota sobre a reportagem publicada pelo UOLo ministro Rui Costa negou qualquer envolvimento em irregularidades relacionadas à compra de respiradores quando era governador da Bahia.
Até o momento, Lula não se manifestou sobre a citação de Rui Costa na delação premiada da empresária Cristiana Prestes Taddeo. Na quarta-feira, dia em que a reportagem foi veiculada, o presidente cancelou sua participação em um evento que comemoraria os 80 anos da PF. Segundo o Planalto, outros compromissos da agenda de Lula se acumularam, e ele não pôde comparecer.
Leia a íntegra da nota do chefe da Casa Civil do governo Lula:
“Ao longo dos meus oito anos à frente do Governo do Bahia, observei o estrito cumprimento da lei, sempre me pautando por valores éticos e morais. Junto com minha equipe, trabalhei incansavelmente para minimizar a perda de vidas humanas durante a pandemia da Covid-19, tendo como base os preceitos científicos.
Após a não entrega dos respiradores, determinei que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia abrisse uma investigação contra os autores do desvio dos recursos destinados à compra desses equipamentos. Os implicados foram presos pela Polícia Civil por ordem da Justiça baiana semanas após a denúncia.
A partir da apuração e investigação da Polícia Federal, por quase três anos, a Justiça Federal enviou o processo à primeira instância. Estranho que o caso volte à tona, agora, por força de uma matéria baseada nas palavras da principal autora do crime.
Reforço que jamais tratei com nenhum preposto ou intermediário sobre a compra de respiradores ou de qualquer outro equipamento de saúde durante minha gestão.
Nos duros anos da pandemia, as compras realizadas por estados e municípios no Brasil e no mundo foram feitas com pagamento antecipado. Esta era a condição vigente naquele momento.
O processo retornou à primeira instância com o reconhecimento do Ministério Público Federal e do Judiciário, através do STJ, da inexistência de qualquer indício da minha participação nos fatos apurados na investigação.
Desejo que a investigação seja concluída e que os responsáveis por esse crime, não só do desvio do dinheiro público, mas também do crime absolutamente cruel de impedir, através de um roubo, que vidas humanas fossem salvas.“
Fonte: Uol
Continue acompanhando o nosso trabalho e comente nossas publicações. Podem enviar tudo que acontece na cidade de vocês para que nossa equipe possa avaliar e publicar. para mais informações e contato, fale conosco através do email: meiaumnews@gmail.com Meia Um News o seu Portal de Notícias.
Edição e Publicação; Celso Teixeira
Para mais noticias como essa, sigam nossas redes sociais do Meia Um News