O Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afrobrasileiras) ingressou com uma ação no Ministério Público da Bahia solicitando que o Estado e a Prefeitura de Salvador não realizem a contratação de shows da cantora.
Mais sobre o ocorrido
O que aconteceu O Ministério Público está analisando uma denúncia contra a cantora Claudia Leitte, acusada de adotar uma postura discriminatória ao substituir o nome de Iemanjá, entidade reverenciada nas religiões de matriz africana, por “Meu rei Yeshua”, expressão hebraica que se refere a Jesus, na letra da música “Caranguejo”.
O MP emitiu um documento recomendando que o Governo do Estado e a Prefeitura de Salvador não contratem Claudia Leitte para eventos públicos. A medida se fundamenta no artigo 4º da Constituição Brasileira, que proíbe a intolerância religiosa e a discriminação racial.
O financiamento de eventos com dinheiro público não pode beneficiar quem está sendo investigado por práticas de intolerância.Hédio Silva Jr., coordenador-executivo do Idafro
Entenda o caso O pedido, além de ser assinado pelo Idafro, também conta com a assinatura da Iyalorixá Jaciara Ribeiro. O UOL teve acesso ao documento, que fundamenta o pedido com base na Constituição Federal, argumentando que a contratação de shows musicais que promovam intolerância religiosa deve ser proibida.

O pedido também destaca que Durval Luz e Nino Balla, dois dos quatro compositores da música “Caranguejo”, recorreram à Justiça alegando que não autorizaram a alteração na letra da canção. Já os outros dois autores, Luciano Pinto e Alan Moraes, afirmaram que foram procurados e consentiram com a mudança.
A recomendação menciona o posicionamento do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), que, em resposta ao pedido do MP-BA, informou que a última alteração no registro da música “Caranguejo” ocorreu em 2016 e não envolveu mudanças na letra. A informação foi compartilhada durante uma audiência pública realizada na segunda-feira (27).
O Ministério Público avaliará o pedido e também está analisando a denúncia sobre a possível postura discriminatória. Caso considere a solicitação relevante, o MP solicitará à Justiça local que investigue e determine se o Estado da Bahia e a Prefeitura de Salvador devem ser impedidos de contratar a cantora.
Em dezembro, Claudia Leitte comentou sobre a investigação em uma coletiva de imprensa: “Esse é um assunto muito sério. Daqui do meu lugar de privilégio, o racismo é uma pauta que deve ser discutida com a devida seriedade, e não de forma superficial.”